segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Deita aqui

Vem cá, meu querido, deita a tua cabeça no meu colo e me deixa fazer um cafuné. O que te deixou tão tenso hoje? Deita aqui e deixa que as tuas pálpebras cansadas guardem teus olhos de noite negra, e relaxa, esquece tua dor só um pouquinho. Só agora. Amanhã, quando tu acordar de novo, vai sentir que ela já é bem menor. Mas agora tu deita aqui, no meu colo.

E me deixa fazer um cafuné. Posso dar um beijinho pra sarar também. Quer? Depois te faço negrinho e te deixo deitar mais uma vez no meu colo, e a gente fica cantando qualquer coisa pra esquecer do mundo que tagarela lá fora. E teus olhos de noite negra podem ficar olhando os meus, ou olhando a sala ao nosso redor, ou ficar guardados nas tuas pálpebras cansadas. Não importa. Não me importo. Desde que eles reflitam a noite que tem dentro deles, sem dor, nem água. Nem mágoa.

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