quinta-feira, 2 de junho de 2016

Matemática

- Mas tu é ruim em matemática, né, guria?!

Um ser estranho, talvez fora de seu estado normal, resolveu exclamar essa bela e entusiasta combinação de palavras. A frase planou no ar e alcançou os ouvidos dela como uma doce piadinha de criança. E, como toda boa piada, a reação dela foi rir.

- Isso aí dá $39,00! Não sabe contar?! - continuou o estranho, muito confiante nas suas matemáticas da vida.

E o riso - porque a piada era boa mesmo - permaneceu por mais alguns segundinhos na boca dela.

- Senhor, o total das suas compras é de $56,85.

- Me dá aqui essa calculadora!

Nem que ela quisesse dizer não. Não teve tempo. Mas o risinho... ah, o risinho...

- Senhor, isso seria tudo?

- Sim! Toma aqui $60. Vai precisar da calculadora de novo?

- Senhor, com licença, mas ela não está à venda. E é patrimônio da loja. Então, se me permite.

E os dedinhos fininhos tomaram de volta a calculadora que também não era deles, mas da loja. Ao passo que ela riu, de novo, quando aquele ser tão amável se dirigiu para a saída, e, finalmente, desapareceu da vista.

E ela riu mais um pouquinho, meio abafadinho, meio de cantinho. Porque piada boa é assim mesmo: deixa a gente rindo por horas. E foi aí que ela percebeu o relógio. E, num salto, foi fechando as portas, apagando as luzes, desligando o computador, conferindo se não tinha gente perdida por ali (num espaço de 3 por 5 é meio difícil, mas sempre pode acontecer...).

E então ela tinha mais 9 minutos para sair correndo até a próxima esquina, que parecia distante feito a lua. Porque ônibus não espera ninguém, não é?

Ops! Esqueceu o livro lá na loja! Mas não havia mais tempo de abrir e fechar tudo de novo... Então foi assim mesmo, com o risinho no cantinho da boca, sem caderno e morrendo de pressa. A noite era longa; e a madrugada, curta demais.

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